quarta-feira, 16 de maio de 2007

nas primeiras horas da manhã..olhos fragilizados pelo alvorecer...tantos detalhes, sinto-me impotente...homens dependurados no caminhão de limpeza...café...pão com queijo...lixo no chão...flores esguias, carnudas...longe...a luz relete enaltecendo detalhes até então escondidos...tento não esquecer mas esse que escreve nunca será aquele que irá lembrar...brisa fria de início de inverno...criança tosse..caixas metálicas cospem e engolem gente...pétalas de pura volúpia pendem de um lado pra o outro ao sabor do vento...ali no outro lado da estação com o olhar tomado pelo sono observa-me intrigada...moscas sobre o pão com requeijão...nada melhor do que contemplar...o rio corre incansável em sua eterna imobilidade mutável...reencontro rápidos...a velocidade aumenta...a felicidade vem para poucos...o lixo não pára...fluxo lento...aqui uma fenda se revela...o passado diante dos meus olhos e não posso tocá-lo...na ponta dos dedos ainda persiste o pólen da flor negra...o homem com a vassoura trabalha lentamente...o sol avança...a menina aquece o corpo na luz solar...um espirra...a realidade vibra dentro de mim, atravessa-me deixando em minha carne um sentimento de pura estupefação...mulher com arma na cintura...o sem-teto seminu acorda e olha ao redor...vozes...torpor!

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