quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

nenhum som
apenas a luz
translúcida da aurora
milhares de vozes
pisoteiam
o que sobra
de minha imaginação

uma imensa repetição
monotonia sem paz
cicatrizes
traços de sangue
em meu dorso
vibrando como se
estivessem repletos
de felicidade

pés que se arrastam
por entre os dias
de imenso calor

o problema está
dentro muito dentro
e não pode ser
ejaculado
expulso

na extinção de um
nasce outro mais forte.

22/1/2008
pesadelo recorrente
é sonhar e
esquecer sempre
cada imersão
um vislumbre cego
inexistir absurdo

correr noite adentro
chocar-se nas paredes
nada sentir
apenas o barulho
tonitroante
de um despertar súbto

insensível
criança rôta
doce imbecil
gesticulando
pro vazio
pra solidão
de quadros velhos

ou é estar vivo
e não suportar
cores
códigos
sons
e perceber
que pouca diferença
há entre o que sonha
e não lembra
e o vivo que não entende
o despertar?

17/1/2008

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

estrondo
claridade excessiva
perfumes nauseantes
podre

flutuante
enferrujado

mil gostos na boca
nunca felicidade
sem lágrimas
raízes sinistras

o abismo ri
mãos calejadas

morrer seria um alívio
mas a covardia é imensa
triste vida mergulhada em merda
degeneração
engulo todas as minhas merdas
engulo e regurgito
depois engulo de novo!!!!!

esqueça até sumir do espelho
esqueça até quebrar o espelho
pegue os cacos
e desenhe na pele tudo aquilo que nunca conseguiu!
deixe o mofo se alojar
não há escapatória
deixe a malemolência tomar conta
sim se foda e morra se foda de novo
esse é o nosso destino

descer descer descer
todos os dias é assim
não consigo ver
verdadeiramente a realidade
sem som
sem susssurros
apenas um vazio silenciador

morto morto morto morto
nem uma nem outra nem ninguém
eu lixo
eu escória
eu medíocre
eu medroso

eu não me iludo
não posso querer o que não vou conseguir!!!!!

domingo, 10 de fevereiro de 2008

finja
talvez dê tudo certo.
olhe de soslaio
não deixe o copo cheio
rasteje
quem sabe um dia
o jogo vira
deguste as migalhas
lamba o prato
respire devagar
a realidade
estronda e desaparece todos os dia
finja
corra
o fim do mundo é aqui
a dor de cabeça
é a prova de que a vida
é isso que é
e mais nada
ande lentamente
se apoie nas paredes
e siga em frente...
madrugada.
palavras amargam
singram o espaço
chegam ferinas

plantam o silêncio
em meu peito
riscam tristeza
em minha face

insônia companheira
recebe minhas lamúrias
uma janela aberta
para o vazio da vida

viver numa bolha
traçar um rumo
mesmo que não seja o meu
mesmo que incinere o que restou!

10 fevereiro 2008