sábado, 16 de janeiro de 2010

Todo dia é
É pergunta difícil
Muro liso
Intransponibilidade aconchegante

Repito a ladainha negativa
Não sei
Não sei
Sei não

Pior é
Ter um mistério
Andando
Pinicando no corpo

A ladainha ecoa
Percorre
Urtiga presa nos lábios
Praga certeira

Abismo doméstico
Emana desalento
Agüenta porra
Agüenta e cala

Minha janela
Minha cura
Minha berlinda
Minha chaga

Pétreo espero
Macambúzio encaro o dia
Sem querer aquiesço
Querendo afundo!

17-11-2009
Uma boca diz a verdade
Milhares de buracos na pele
Gritam vício
Querem o grito mais forte

Mas o que sobra
É inveja
Desolação
Eterna merda

Ver além
Sentir-se aqui
Incapaz
Trapo definido

Uma boca
Traduz carinho
A doença avança
Preciso da bengala mais ácida

Carniça rescende
Alcança o topo da escada
A vida avessa ao tempo
Degrau sim degrau, degrau não

Bolor envolve
Camadas a baixo
Revolve na amálgama da vida
Regurgita mundos

Impera a dor
De ser
De existir
De acordar

Ontem temi
Hoje temo mais
Pesadelo furtivo
Criança rota
Solte meu copo
Quero ir embora!

12-11-20
Descama-se a cabeça
Explicita a inglória presente
Calmo e resoluto
Banho-me em suor e sono

Sorte de quem tem fantasmas
Jamais padecerá
Da solidão úmida
E de quartos vazios

Afasta-se e cai
Rumoreja e sonha
Os objetos respondem
Silencio que resignifica

Aqui o erro
Bem aqui dentro
Mais um erro desastroso e belo
Ali a possibilidade de nada

Ouvir o mundo
Sentir as diatribes
Fechar-se mais
E nunca mais sair

15-01-2010
Perdi.
Fulo da vida, dizem que recomeço.
Uma frase aqui outra ali,
Quem sabe acolá.

A lembrança como um revés funéreo.
Trava mas não deixa de sair.
O verbo é um verme incansável e não cansa de estrebuchar.
Silêncio.
Saudade que rói as tripas.
Uma passa de luto.
Chuvisca.

Minha jornada é tosca e quase sem sentido.
Vazios insuportáveis.
Tempo reclamando.
Memória apagada.
Ganhei.
Pernas cansadas.
Impaciência atroz.
Secura sem fim.
Faz assim.
Não faz.
Pula.
Ponto final.
04-11-2009 – manhã