segunda-feira, 26 de julho de 2010

Rasgar teu ventre adiposo, disforme.
E nele depositar flores das mais variadas espécies.
Depois costurar com as pétalas do lado de fora.
Todas as flores em meio ao sangue e as camadas de gorduras.

Surrar teu lombo com toalhas molhadas e cadeados amarrados na ponta.
Cortar, decepar. Teus braços enforcados com nylon.
Costurar o bico dos teus seios no lábio inferior.
Álcool, sal, solda cáustica. Hálito pútrido, repugnável.

Fincar garfos no teu Monte de Vênus.
Ao som dos teus gritos solfejar maravilhosas melodias.
Mexendo e remexendo os garfos em descompassado ritmo
Untar tua vulva de mel; exército de formigas a devorar o teu oco macio.

Fatiar tua língua em minúsculos cubos
E enfiar um a um no teu ânus.
Urinar em teus ouvidos...
Defecar em tua boca sem paladar.

Odeio? Amo? Desprezo? Nada? Nada?
Serrar tuas pernas com serrotes cegos e enferrujados
Esmagar teus pés a marretadas; o sangue inundando seus sapatos.
Beleza? Feiúra? Nada? Vácuo infindável?

Cortar suas nádegas com os cacos do teu espelho
Decepar teus dedos e enfiar em teu nariz
Arrancar teu intestino para amarrarem teu pescoço
Ternura? Pele tépida? Doce perfume?

O que era névoa tornou-se inóspita claridade.

Primeira semana de outubro – 1995 – Eva