quarta-feira, 3 de janeiro de 2024


 Depois da longa jornada 

Retorna ao mausoléu

Rumina o fracasso do dia 

Com esmero 

Saboreando cada detalhe 


Constata a mesmice 

Como força motriz

Escuta falácias

Rasteja nas brechas 


E nas brenhas interditas 

Escuta coceiras na superfície da louça 

Desmorona ao despertar

Implode na solidão da brisa artificial 

Elabora o fel 

Como quem degusta miríades

Não vividas. 


03/01/2024


terça-feira, 24 de janeiro de 2023



 

O sol se pondo depois das fábricas
depois das árvores...
Labaredas que anunciam o amanhã.

 

Um sopro radiante de lusco-fusco

Pintalgado de miríades em brasa...

Nuvens são colossos que resguardam o descanso.


A beleza inconsciente do natural

gravando na existência.

Reverberando na possibilidade a incompletude.


 Janeiro - 24/01/2023












quarta-feira, 18 de maio de 2022

 Saudade

As taperas,
os banhos de açudes,
os banhos de chuva.
Acordar 5 da matina encher o bisaco de pedra,
preparar o badogue pra faxiar
depois de capinar o roçado.
De dormir nos sacos de farinha,
da luz da lamparina desenhando formas na parede.
Do cheiro do mato,
lavar túmulos com minha avó,
brincar na cidade funérea sem medo do fim. 18/05/2022





sexta-feira, 6 de maio de 2022

Os magnetos tão do avesso! 

Cabeça a mil por hora e na paralisia física. 


O horizonte permanece inalterado

Na busca ávida a vida se dilui...

Cotidiano moribundo


A máquina trava

O tempo inabalável persiste solitário!


N.S. Do Socorro - Maio - 2022




sexta-feira, 30 de julho de 2021

O acalanto do firmamento 
beija o solo infestado.
Aqui 
Entranha seca
Pele esturricada da lida solar
Do outro lado da porta
O nada de sempre a ser vivenciado.

A pequena janela de luz.
Usina de pensamentos indesejados.
Páginas grudadas pelo mofo
O desejo desliza
No vazio esplêndido da Repulsa 

Frio nos pés
Mãos trêmulas
Arrocho
O espelho grita

A navalha da vida teima.
Viscosa pocilga chamada solidão
Tudo em mim ressoa derrota!

2021

No intervalo brusco da fantasia 
transito no ocaso.

No vazio do presente 
a incerteza do futuro massacra e corrói

Tudo é mancha,
Frame Perdido,

A esperança de um 
é a esplêndida desgraça do outro,
Vice-versa.

E inadequado atiro nos pés 
Para caminhar no mercado em pleno meio-dia.

26/maio/2021 - noite





 A espera converte-se em automutilação imaginária.
Querem vencê-lo pelo cansaço.
Ridículas vozes explodem esperança
No campo minado da consciência!

Falha
Fenda
Brecha
Abismo
Espelho 
Queda!

Acorde.
Decepicione-se mais e mais!
Belisque a pele até sangrar
Sem caminho
Sem chão.
Vazio!

2021


Todo esforço é vão!
O imediato é um ato ilusório.
A espera uma pulsão de incertezas famintas.
Dou dourado banho-me
E renovo-me diante do vazio!

Imóvel.
O nó aperta na garganta.
Indiferença.
O ego lambe suas feridas 
E acredita numa cura impossível!
Fibrila...
Piora...
Entranha-se!

Desperta sedento.
A fome o devora.
Na jaula invisível o silêncio rosna
Agruras de um porvir muito pior.

2021

LIBERDADE

ILUSÃO

MENTIRA

FANTASMAGORIA


DÓI 

VAI 

SILENCIA

FRIO

AQUI NUNCA

ALI SEMPRE

ESQUECE

NÃO-VIVE´


RUÍNADESTROÇO

ESCÓRIA

VILIPÊNDIO

AGRURA TORPOR

INDIFERENÇA

DESTROÇO


CRAVA

REPELE

ESTREMECE

ACABA SEM ACABAR

CONTINUA

SEM FLUXO 

SEM VIDA

SOB O SOL

ESPERANDO O VAZIO

2021


 


terça-feira, 4 de maio de 2021

A margem é o lugar. 

A solidão é a dimensão

No cume do nada contempla-se

Um eterno fim.

O grande muro do silêncio expande-se

Célere e indestrutível.

A memória fragmenta-se

Em filigranas de angústia.


O mundo desaba em cântaros 

A busca nunca cessa

Cada esforço uma mão vazia que tateia o escuro

Toco meu corpo,

Não sinto nada.

Ouço minha voz

E nada traduzo


O estertor de existir 

É insustentável.


Jan - 04/05/2021