domingo, 13 de maio de 2007

agora é um flash-black, um retorno ulterior ao âmago da vida...não quero pensar...a voz no telefone é fria, distante e triste..o que me resta são cacos... não entendo a felicidade...na mesa ao lado os talheres trincando...quando fecho os olhos vejo-me diante de uma piscina imunda repleta de sapos e dejetos humanos...minhas unhas sujas me envergonham...não quero felicidade, quero tranquilidade...limpo minhas mãos diante da vida árdua que se eterniza...caústico...um dia vazio, uma existência oca, um sono mortífero...porquê não consigo ficar calado?...vibro milhares de vezes mas sinto-me parado, quase morto...uns viram a folha...sonhos terríveis...alguma satisfação em quê?...a tranquilidade não mora em meus olhos...durmo um sono recortado de preocupação...tudo são dimensões pessoais...o tempo voa rasgando minha face...a idade massacra minhas juntas...língua amarga...olho o auto-retrato de uma amiga e fico pasmo diante da perfeição de traços e sombras...é bom ouvir a risada dos amigos...na sala branca chapada de fluorescentes folhas em brancos são preenchidas...destrincho minha dor em partículas tão diminutas que não consigo ver...sinto saudade da ignorância de 28 anos atrás...como qualquer coisa...sempre é um vazio, sempre uma lacuna, sempre uma fenda...mais um dia, mais um grilhão

18-03-2006

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