quinta-feira, 10 de maio de 2007

indisposição para qualquer coisa
indisciplina pra tudo
haverá sangue nas veias?
agora, sinceramente, não sei
nem sangue
nem idéias
como é difícil suportar o marasmo que tornou-se a vida
cansado, faminto;
não suporto este mis-é-scene que é o cotidiano
anafranil descendo pelo esôfago
boca amarga, boca seca, boca solitária
é tão estranho e doloroso o sorriso das pessoas
penso que tudo é disfarce
o humano morre em mim
o animal despede-se
o fulgor da juventude já é uma eco longíquo
agora a máquina leprosa repousa
depois mais peso a ser transportado
e de migalhas farto-me...
como se fosse fuga ordinária
sonho com a morte
é o mesmo que alcançar o nada extremo
não morrer porquê morrer é outra coisa que não sei
esqueço que vivo
autômato
cego
a língua descansa sedenta, pesada, quase imóvel
meus pés parecem chumbo
minha voz algo insuportável
quisera morrer
quisera voar
quisera explodir

23-07-2001

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