sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Uma víbora beijou-me os pés
Como se fossem imensas moscas

Uma víbora
Um veneno
Imensas línguas

As bocas-de-lobo
Arrotando ressacas transcendentais
Uma libélula lambeu meu sexo podre
Como se fosse doce néctar
Uma libélula
Um livre passear de águas plácidas
Um olhar claustrofóbico
Contemplando repressoras grades

Uma língua passeando na ferida aberta ao sol
Um sucumbir de medonhas abelhas em minha casa
Um sucumbir
Um eterno revoar de asas podres
Um eterno doer de mão reumática
Rabiscando a infelicidade do inverno

9-5-93

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