sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Até parece
Que há roldanas esmagando meu corpo
Canções trespassando
As vísceras estripadas
Como se a ruína do passado
Voltasse tal qual um aríete
Derrubando a porta e toda a casa

As pálpebras-conchas-de aço pesando
Querendo fechar
As fossas nasais: vulcões de catarro e pus
O hálito algo fétido
Todo o corpo fornalha e frio

Até parece
Que o tempo esmaga e espanca
E Pã sorri, saltita com sua flauta
Num sonho doente que rasgavam
As polacas de
Ticitano, Rubens, Michelangelo
Acordei suado, afobado...

Todo o sexo quimera fútil
As mão são ancinhos atrofiados
A língua uma serpente doentia
A saliva outrora aprazível
Agora é ácido sobre tua língua
Todo o corpo:
Solitude, doença
Fornalha, frio...

14- 04-93

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