Suas palavras soam esfaqueantes
Suas mãos são ancinhos devorando minha face
Vozes vozes
Vozes vozes
As janelas refletem sua saliva
Que se completa com minha dor
Sim,
As palavras agora são discórdia
Porém com suave tenacidade
Você me consumindo
Me sugando
Me dissecando
Me acabando
E ressoa dor
Dor, dor
E fútil contemplação do meu insondável abismo
Atroz, atroz
E a dor renasce, reconstrói
Reintegra o tédio das palavras lindas
Num recinto abafado
“Levanta-me”, “Levanta-me”
Diz você
Eu esmagado no asfalto de tua (in)certeza
Um coágulo meu levanta-se
Vai ao teu ouvido
E tenta cicatrizar a dor
15-02-93
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