sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Suas palavras soam esfaqueantes
Suas mãos são ancinhos devorando minha face
Vozes vozes
Vozes vozes

As janelas refletem sua saliva
Que se completa com minha dor
Sim,
As palavras agora são discórdia
Porém com suave tenacidade

Você me consumindo
Me sugando
Me dissecando
Me acabando

E ressoa dor
Dor, dor
E fútil contemplação do meu insondável abismo

Atroz, atroz
E a dor renasce, reconstrói
Reintegra o tédio das palavras lindas
Num recinto abafado

“Levanta-me”, “Levanta-me”
Diz você
Eu esmagado no asfalto de tua (in)certeza
Um coágulo meu levanta-se
Vai ao teu ouvido
E tenta cicatrizar a dor

15-02-93

Nenhum comentário: