sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Há euforia e dor em todo o corpo
Antigos cortes querendo abri-se
Toda a carcaça baila espasmódicamente em pura letargia
O passado vem como um velho punhal enferrujado
Cravejado em minha aorta

Há um revirar de olhos
Uma sufocar-se na própria saliva
Um eterno romper de vértebras
Uma náusea de cuspir sangue ao crepúsculo
O presente;
Um ranger de portas
Dobradiças esmagando as falanges

Há um repúdio da parte dos transeuntes
Um asco de olhadelas
Rumo ao meu corpo em convulsão
Um tropeçar nas ruínas
E como do nada aparecesse
Cura letárgica
Brancas agulhas
E horríveis imagens

O futuro
Meio-dia causticante
Bucetas podres
Transbordando da bocas-de-lobo

12-05-92

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