sexta-feira, 10 de outubro de 2008

As raparigas cantam no crepúsculo
Balançam seus vestidos
Imensas pétalas de pequena na flor
Esgoelam timbres agônicos

As crianças embaladas
Por ébria melodia
Rolam garbosamente
Pelo chão
Abraçando
Rindo
Correndo a planície com cascos de Pã

As raparigas exalam sexo
Doce néctar
Rádios,
Inúmeros rádios fora de sintonia
Numa espécie de chuva imaginária
Banhando a alma
Banhando essas íris podres
A canção das raparigas destroça
A canção podre chamada progresso
Vomita sobre os cacetetes
Erguendo mais uma vez ao volume máximo o timbre-mor
Ao romper dos auto-falantes a telúrica loucura

Orgásticos tornam-se os tons
As crianças, agora, choram
Algumas sorriem muito alto
As raparigas também choram
A canção cessa
Outra se inincia
Numa sucessão de espasmos

O mundo anoitece
A dor costuma ser vagarosa
O imprevisível é a melhor canção

20-06-92

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