sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A doença é um estado de poesia
Um escuridão
Um membro em dor
Trespassado por agulhas negras

Não.
Imagens furtivas diante do olhar cansado
Mares de pus
Taças repletas de fel

É verdade
Mas de que vale acreditar
No que é verdade
Porém momentâneo?

Ei!
Não toque neste buraco da parede.
E quero (queria?) expulsar de vez
O crepúsculo e a dor de cada vômito...

Minha casa aos poucos cicatriza
Mas novos cortes
Percorrem-na sem cessar
Eu estou bem mesmo sem ar
Coragem.

A doença é uma esperaestadodesítio
Agora espero as adagas douradas
Vindo das frestas do telhado
Sim
Como se fossem lombrigas hirtas a adentrar-me

Espero pelas cicatrizesternasferidas do firmamento
Com olhar incansável, sonolento, utópico
Acabem logo com isso;
Odeio vozes baixas falando, falando entre si

A solidão de tantos corpos podres fortalece a minha lama
Como se fosse execrável adubo
Doençapoesiadançaputrefaçãodescompasso.

11-07-93

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