sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ânus de metal expelindo barulhos e fedorentos bafos
Aqui tudo escatológico, patético, visceral
Ao longe vaginas sedentas abraçando falos podres e leprosos
Aqui incerteza, delírio debaixo das ruínas

Na planície esburacada, claudicantes passos rumo ao horizonte utopia
Passos compostos de óleo de rícino, graxa
E catracas monstruosas dilacerando, abafando os gritos de pavor,
Piedade e loucura dos corpos vivos porém mutilados
Na insana floresta do passado que vestiu
A eufórica, caótica, relutante, discrepante armadura do futuro

Ao longe dentes cariados devoram um Mcdonalds
E as máquinas sorrindo para a imperfeição...
Aqui tudo colorido, certo demais, tudoemseulugar
No apartamento “vazio” sangue menstrual por todos os cantos
Fezes transbordando na pia da cozinha
Uma tv ligada com o canal fora do ar
Uma linda polaca comendo pipoca, assiste um filme de época
Um grito dilacerando o vazio

A monotonia é dádiva
Dos que anseiam por metrópoles
Dos que anseiam por não sei quantas dimensões
É a dádiva dos mesquinhos e dos suicidas

02-02-93

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