sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Os ângulos são os mesmos
Os cheiros parecem eternizados
As cores repousam tépidas
Solenes como se fossem divindades gregas
As sombras parecem serpentes tatuadas em meu corpo
Tudo cinza
Tudo lusco-fusco
Tudo onírico e silencioso como um retrato preto-e-branco

Letargia...umidade...sonolência
E em manhãs vaguei como um fantoche;
Um fantoche de olhos orientais que odeia a luz da manhã.
A cada vômito sinto que a morte é minha residente tanto quanto a vida...
Fecho os olhos pra escutar o burburinho suave das crianças
Esqueço tudo aquilo que é morte, de tudo aquilo que seja vida.

Desejo silêncio
Não há mudez nas coisas do mundo
Todas as imagens gritam aos tímpanos, aos olhos
E flutuo de tanta dor acima dos sorrisos gelados de auto-satisfação
E desejo como que por uma eternidade
O silêncio feito de gestos do cinema mudo

8 maio 96

Nenhum comentário: