sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Com um sorriso amarelo
Agosto bate me mimnha porta
O corpo retumba em hesitação

Sim
Ele vem
Com dentes podres
Bafo gélido
Adentrando a alcov
Pelas frestas
Onde outrora
O sol esfaqueava-me
Com releuzentes adagas douradas

Por longas
Longas manhãs escaldantes
Manhãs escaldantes
Manhãs caóticas de imensos espelhos quebrados
De vermes passeando sobre a pele
A olho nu
Manhãs agônicas onde a beleza
Tornava-se dolorosa e crua
Como as 25 milhões de vulvas castradas da África do Sul, do Quênia

No gume afiado da faca-noite
Refletimos sobre os crepúsculos
As luzes acesas parecendo tumores repletos de pus
Sim, tumores fosforescentes sobre nossas cabeças

Com os olhos lacrimejantes fecho a porta
Transporto-me ao meu enorme relógio
Deixando para trás todas as manhãs tediosas e sonolentas
Fecho os olhos para o dia
Abro o meu baú de vísceras para a noite;

Onde os tumores repletos de pus
Ardem sobre nossas cabeças
Vaginas castradas vagam cegas

De nada valeu
As adagas douradas

26-06-93

Nenhum comentário: