sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Noite, corpo molhado, pareço um poço de ácido efervescente
Tamanha é minha euforia.
Há ordens na casa, queria que não houvesse ordem nenhuma...
Sombras enlaçam-me percorrendo meu corpo com línguas negras.
Sinto que o delírio ultrapassa todos os limites impostos e ponderados.

Tenho que escrever na mesma velocidade que penso;
Fazer tudo que tem que ser feito no compasso do meu desejo insano...
Noites, sirenes anunciando
Varando a vagina da madrugada
Abortos entorpecidos vagam nas entranhas
Nas ruas carnais da Mãe noite, noite, noite...

Ao longe bailas alojando-se na carne indefesa
Desembesto minha esperança
Monto nela como se fosse um unicórnio
A galopar por planícies de trigo
Planícies de inúmeras alcovas em orgia e êxtase

Noite.
Aos poucos, ao rumo que se toma, o olhar tornando-se esbugalhado
O ciclo vai fechando-se em volta
Num rompante de loucura vozes quebram
Numa sinfonia de insensatez e tenebrosa ruína...

Num prédio vazio
A guitarra vomita solitária
O apelo de vida...
Noite
Noite
Noite...

12-92

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