sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A alcova vazia
Música serena preenchendo
Remexo as tralhas
Escarneço os meus atos
Corto o dedo no dia da festa

Juntamente no momento
Em que o corpo era pra estar alegre
A alma estar alegre
Deixei jorrar sangue por todos os algodões
E papéis limpos da casa

Tudo se repete
Cada vez mais fundo no meu íntimo
A jovem polaca ergue o corpo
E tira a camisa
Caminha leve pelo chão vermelho da sala
Os seios duros, tenros, maravilhosos, pele limpa
“Tudo é um lapso”: grita alguém dentro de mim
“Tudo é um corte” de rapidez nunca vista
“O trigo já apodreceu!” Grita outro ser dentro de mim.
O trigo não nos enganou este ano
Esta sucessão de gritos de brota e viceja loucura infinda

Espadas de jade de cabos de marfim e adornos de ametista
Trespassam violentamente
A carne da escrava desobediente
No tardar de minha desesperança
Atiro-me contra as paredes;

O grafite envolve os muros
Num enlace de tesão
Eu não sei mas assim termina

29-12-92

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