sexta-feira, 10 de outubro de 2008

As tralhas sucumbem
As sombras inclinam-se ao revés dos corpos, das coisas
Ao longo do vale da província o tédio é repudiado mas sem solução
As pessoas vagam em ruínas...
Arruinadas..

As palavras se sucedem
Estou triste em alcova de outrem
Triste e enfastiado
As tesouras brilham
Conversas paralelas
As tesouras passeiam como se fossem línguas escarlates
Línguas podres, roxas...

O vazio me espera
Grito
As mãos bailam, trançando, trançando, trançando
Em compasso tal qual uma madeixa loira
Ao relento de minha insânia
Mãos bailam
Enquanto canções insuportáveis escorregam malévolas
Pela penumbra da grande sala
“Não há canções com maldade!”, alguém esbraveja...

Por um instante sinto-me saudoso

E minha carcaça passeou zombeteira
Pelas veias pútridas da província
O olhar se estilhaça contra a adaga-linha do horizonte
A mão repousa
Sobre a lâmina quase cega
E sorrisos mofados
Ecoam pela torre empoeirada.

6-2-93

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