sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ao longe os parentes se vão nos braços da morte
Qualquer palavra
Qualquer canção é presságio de dor
No mormaço da quinta-feira o desânimo monta em meu dorso
Espora-me os flancos
As esporas gritam que o meu caminho é tosco
Que o meu maior trunfo é a ruína

Ao sucumbir de minha alcova
Qualquer gesto
Qualquer língua apontando o horizonte;
Presságio de ímpias palavras...
No inconstante desnudar de corpos podres
O mundo vai se enterrando em miséria
As moscas a festejarem em sabás de orgia sem fim
Toda a espécie de escória a sugarem
As feridas imensas da humanidade...

Ao estrondar de máquinas digladiando
Eu a esconder-me ou a vangloriar-me
Em meu ócio
Em meu desprezo
Pois não me interessa vossas mortes
Vossas vidas
E ao mesmo ato
Espanto-me e adormeço...

29-04-93

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