segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A todo instante penso que alguma coisa vai parar... com uma foice em punho caminho pela casa de paredes sujas... deparo-me com um adolescente sem rosto... não há diálogos... tremo que nem vara verde... as mãos pingam... desfiro o primeiro golpe... o moleque tomba... fome muita fome... lambo o gume da foice... a cabeça de um lado, corpo de outro... novo golpe e agora separa o tronco... meto a mão nas vísceras ainda quentes... sede muita sede... totalmente descontrolado arranco os braços, as pernas... e danço na poça de sangue respingando vermelho nas paredes de pau-a-pique... banhado pelo que restou do outro abro uma porta de um quarto escuro, entro e é como se nada tivesse acontecido... todos os dias retorno pro meu leito de solteiro... quisera não retornar, sempre ir sem saber onde chegar... todos os dias é viver o pesadelo da monotonia... ouço os velhos discos com sangue de outro ainda nas mãos... aprecio os coágulos na lâmina... urge a morte em meu peito... nada é sério... quando falo é a minha voz? Quando penso é a minha consciência? Quando acordo não estarei acostumado ao pesadelo ao ponto de pensar que aqui é o real? Tudo são retalhos desconexos... ejaculo no vazio para que o sono venha logo... hoje a lâmina descansa... amanhã talvez eu não saia do quarto escuro... amanhã talvez seja tudo escuro...

Nenhum comentário: