segunda-feira, 3 de setembro de 2007

É ledo engano tudo aquilo que você pensa sincero... a hipocrisia é linda, amarga e suja... coração explode rumo ao fim... linda lâmina flutua na noite... falsos bruxos... é pura verdade toda essa turba... eu ainda me engano, ainda acredito em tudo... ah! e por debaixo da pele é só doença, uma ode ao perecimento... amanhece, o peso das horas me faz lânguido... vejo o sol lutando contra as nuvens... uns tagarelam o tempo inteiro... de olhos féchados mergulho em doce bruma... recolho as peças do jogo... sopro a poeira do velho disco de vinil... é pavoroso o existir... são tantas as variantes que me sinto perdido... repúdio... músculos doem... não sei o que me espera... acalanto... velhas fórmulas... repete-se de maneira enigmática as páginas da vida... sussurros... hoje apenas ouvi a turba... saudades da feira... há tempos não recebo notícias... quero uma dádiva no fim de tarde daquela que é a mais linda... ilusão... tento limpar o espelho antigo quase carcomido... tolice... preciso tornar-me húmus para que os vermes da criação passeiem em minha moribunda carcaça e novamente a vida a explodir multicor e atordoante... não sei o que está acontecendo, nem o que vai acontecer... a tela me espera vazia como uma virgem de pernas abertas... é verdadeira utopia a mais pura verdade...

Novembro - 2004

Um comentário:

Anônimo disse...

A primeira vista temos dualidades existenciais quase simbolistas.Depois um leve(leia pesado!) Augusto dos Anjos.E aquela incessante dramaturgia de oferecer o amâgo sofrido ao leitor.Oferecer a dor.O interessante dos seus textos é que eles ainda te pertencem ao contrario de muita coisa escrita por aí.Uma vez escrita passam a ser do mundo e nao mais do autor.E com vc,isso nao ocorre.Nao enxergo esse fluxo sem o fluxiado...

gostei mesmo