segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Dobro a esquina... a cortina se abre... folha seca, já cinza no chão esburacado... a lombra agora é um peso... o frio machuca... às vezes não entendo a vida... você acorda: a traição rouba-lhe um beijo nas primeiras horas da manhã... você almoça: o azar vem e lhe recita poemas... tudo no momento é uma nuvem esquisita... jubartes mortas à beira-mar... a agonia torna-se um frisson... engulo todas as tralhas e durmo... estranha velocidade... outro dia... as unhas gélidas do inverno castigam de pele... você janta; a miséria vem e arrota em tua face límpida o hálito da fome... outra manhã... anéis no chão... hoje saio da alcova... um olho vislumbra o passado em cores e sensações que parecem um sonho... o outro olho contempla o futuro em tela virginal branca onde surgem e desaparecem imagens intraduzíveis pro aqui presente... você se prepara para o sono; a loucura ronda impaciente ansiosa para tomar-lhe nos braços... farelos na mesa... uma família se estilhaça... moscas se refestelam numa minúscula poça de café... tento aquietar-me... o mundo urge e vibra velocidade constante... o mundo que sou dorme e quer mais letargia o tempo inteiro... você levanta-se na madrugada para urinar; a dúvida vem acariciar tua genitália como se fosse um sonho... lá fora as máquinas se movem rumo ao trabalho... bocejo e nada acontece...

9/10 – 8 - 2004

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