segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Amanhece... inicio a perda de mais um dia... o gato dorme profundamente no sofá... da janela do ônibus vi Ferreira Gullar caminhando em Copacabana... porquê a velocidade das coisas? Tento ser lento... na beira do abismo que é a consciência arremesso minha linha, passam-se eras e eras e nada... lá fora o sol é engolido por uma nuvem... e num quarto desfaço nós um atrás do outro... se a minha vida fosse um sonho não queria acordar... copo vazio debaixo da cama... sou um péssimo negociador, nasci para o deleite contemplativo... bala... foice.. martelo... dinheiro... M16... AR15... HK... sinto saudade das madrugadas repletas de saraivadas, enxames de abelhas fumegantes cruzando o firmamento... Joan Baez acalenta a lama nas primeiras horas do dia... uma nova porta se abre... pés de chumbo... minha loucura me basta... a fome mais uma vez atormenta... as portas se fecham... a significação das coisas vai sumindo... um peido pela manhã quase em jejum me faz lembrar Jean Genet... viola... guitarra... berro... drummor... baixo... distorção... começa ontem termina hoje termina ontem começa hoje... escalo meu abismo com furor mas o buraco lá embaixo clama minha queda... bocejo... ali a latrina me espera... bichanos miam na manhã de quinta-feira...fuligem... nervoso... sobrevivo não sei como... minha bisavó tece um fio eternamente na parede da sala... sem identidade... todos engolidos pela morte...

Nenhum comentário: