segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A cada passo parece que qualquer coisa vai estourar... nas antagonias que compõe a vida vou despedaçando o resto do cacos... meu bichano preto e branco alisa meu coração num sonho... sinto-me só... apenas a doença e eu... quase entrego os pontos... castração profunda... o verme da angústia lambe meus pés, nada numa poça de pus em minha coxa... leio histórias deliciosamente horríveis... a manhã explode multicor... pulmões morrendo... catarro perene... gosto de sangue... tudo é um louco diálogo para não pirar... cheiro de café... na noite de segunda-feira lágrimas aos olhos... longe muito longe... uma mão invisível aperta-me o peito... são tantas as cobranças... meu reino já nasceu falido... daqui debaixo lembro da beleza de contemplar a província do alto da montanha... coração enfraquecido... sempre revolvo as tralhas... revistas... livros... fotos... colares... fitas... discos... uma a uma as gavetas são esvaziadas... vísceras sem sangue... ali a vida, aqui a vida que se esvai lentamente... estranha sonolência... há 38 anos atrás um recém-nascido lutava contra formigas... fecho os olhos, a escuridão parece confortável... luto contra a apatia... desço a escada, tenho a impressão de que é interminável... levanto-me, vejo o sol surgir... sobre o rio contemplo as nuvens... enigmáticas formas... uma parte quer dormir... a outra quer vibrar...

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