Manhã
de luz antiga
Língua
cinza e suave
Um
corpo que despenca do 12º andar
Corpo
que voa em silêncio rumo ao silêncio
Chinelos
vazios no chão de madeira
Um
casal de felinos siameses me contempla;
A
gata lambe as pontas dos meus dedos; pureza
O
gato anda sobre o meu peito; partilha
Manhã
de ébria saudade...
E
deslizo por entre as melodias
Já
não estou mais no labirinto
Agora
sou o próprio
Não
tenho mais lábios sobre os meus olhos
Não
tenho mais versos sobre minha alma
Apenas
tenho pra cada átomo do meu corpo um imenso limbo;
Uma
tempestade de limbos
E
resguardo-me da dor como quem degusta
morangos
Sim...
São
várias manhãs em que me liquidifico num suco hormonal e salgado...
Manhã
de paredes cor de pérola
Voar
é deitar-se e não sentir
Porque
sentir é estar de pé
Voar
é ficar surdo...
Manhã
eterna manhã
Até
a tarde tornou-se manhã
Como
se fosse o mais belo retalho
De
um perfeito colchão de retalhos que seca eternamente ao sol
Sem
perder a umidade...
25-11-1996
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