Destino
Ao
longe apenas fuligem
E
de lembranças vou morrendo
O
verbo mais forte que nunca
A
nuvem cinza resolve desaparecer
O
mofo evapora
Inúmeras
razões para a vida
Inúmeros
sonhos para esquecer no canto escuro da memória.
O
amor é uma ruína desesperada em que me apego
Lembro
do rosto da criança branca satisfeita com sua guloseima preferida.
Anzóis
em minha face
Meus
pulmões não aguentam mais a fumaça sagrada
Leve
brisa movimenta grãos de areia na sala
Meus
músculos atrofiados não aguentam mais o peso da vida
O
sol avança
Minha
história é uma veleidade vazia tal qual propaganda barata
Meu
coração não suporta mais o pó
Todos
os dias adormeço diante da fornicadora de ilusões
A
cada grilhão quebrado surgem novos limites
No
meu leito um felino bicolor noir dorme, dorme e vive
Uma
fêmea passeia pela casa com o útero repleto de vida
Meu
fígado já desistiu há tempos
Resta-me
a realidade insalubre
Vejo
a cicatriz em meu ventre
Tento
fugir
Não
há escapatória daqui
Beijo
com fulgor a vulva peluda da negra
Tento
acordar
Minhas
vísceras na parede denunciam-me,
Riem
estridentemente dentro de minha cabeça
Visto
a roupa
Sinto-me
preparado pra nada
O
meio-dia está por um fio
Lambo
meu suor
Solidão
Todos
estão eternamente solitários em sua senda
Engulo
espinhos
Ofegante
tento enunciar minha chegada
Mas
é mesmo que nada
O
que emito apenas eu ouço
Tudo
difícil
Nada
mais...
03-08-2004
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