sábado, 6 de dezembro de 2008

Afundo cada vez a mais.
tudo perdendo a essência, o significado.
sem sabor. sem cheiro. sem cor
a textura,
o sólido dissolve nas mãos.

não me amendontro.

sem dogma.
descartei o fascínio há muito tempo.
sinal fecha.
porta abre.
mulher despenca
suada, extenuada, letárgica.
sinal abre.
porta range.

confio, sou roubado.
esqueço.
passo adiante.
o menino percorre o mundo de corredores
com energia e profunda curiosidade.

retardo o passo.
lavagem despenca do andar de cima.
daqui escuto as fezes mergulhando no pequeno lago da privada.
nada é limbo.
farejo o vício.
só um pouco mais.
não mais que isso.

neste precípicio que é a domesticidade
vou avançando a passos largos.
torno-me uma mancha.
confundo-me com os demais,
porém, nunca desapareço.

a poeira dos livros não desgruda de minhas digitais.
tem dias que parecem benignos.
mas a dor volta.
estripando, mordendo, envenenando.
não consigo deitar,
minhas feridas em carne viva grudam nos lençóis.

um opiáceo.
uma esmola.
ruir.

30-09-08

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse texto me lembrou quinta passada. A imagem das feridas grudando nos lençóis me lembrou o incansável ranger da geladeira, um punhado de passos aflitos no corredor e a luz da tv no rosto farto...