sábado, 28 de julho de 2007

dou um passo. sinto a glória moribunda de estar vivo e ser manipulado...neste exato momento começa a grande merda...ignoro tudo e sigo meu rumo solitário...recuo algo entre o horizonte e a lástima de ter nascido...doem-me as tripas durante dias...um dia é de nuvens e lufadas frias e cortantes, noutro dia é céu de brigadeiro, sol brilhante e brisa fresca e afável...a diária tediosa do ofício quebra-me por inteiro. já sinto os ossos trincarem, os olhos parecem precisar de lentes e a palavra já não é mais fluídica e articulada como outrora...recuso horas de labuta por minutos de descanso...curiosidade extinta...como se nada mais me agradasse...a vida fornica com a morte num seriado de televisão...estorvo, estorvo, estorvo...belas nuvens deslizando, suaves, majestosas e incomparáveis...forma-se uma comunidade em torno da carcaça putrefada e deste feliz acaso alimentam-se minúsculos seres que trabalham incansáveis...cheguei perto do desconhecido e todos os dias me aproximo mais...aqui descartável...ali embalagem que sobe em rodopios ao firmamento...dentro de um número fim-de-vidas querendo alimentar-se do que sobrou da minha...cego retorno ao meu antro...perigo, perigo, perigo...amor longínquo, amor utopia...agora só sensível superficialidade...química...fascinar-se sim, enlouquecer jamais... recrio-me no vazio do ser...

julho 2007

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