segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Na minha cabeça um eco
Acima dela hélices velozes que refrescam
Tudo se dissolve em mórbido estranhamento
Outros dias outras noites
Injúria acalorada de mágoa perversa

Quero acreditar na obviedade pura do cotidiano
E cada dia é um novo dia mesmo sendo embolorado...
Cinza-morte, azul-dor, vermelho-insanidade
E atrás de minhas lentes vermelhas
Vejo o mundo como será daqui a alguns anos:
Uma desolação árida de habitantes esquizofrênicos

Na minha cabeça um eco em que se transmuta constantemente
Micro-galáxias que explodem
Surrealismo imperceptível onde perco-me em mutismo
No silêncio das horas tomo meu antídoto para o real
Nunca consigo dormir quando quero
Acordo cedo muito cedo
E na agonia vou como se não fosse a lugar algum

Sei de minha sede
Das vozes que não param em minha cabeça
Sei que esquece uma frase bela
Sei que não sei pra quê tanta coisa
O que nos espera é o vazio

Mais tarde
As hélices irão parar o giro refrescante
Só o escuro
Só o frio
Serão seus companheiros
E amanhã...
É, amanhã não sei...

08-06-2000

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