sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Tela distante, enevoada; abrupta, fugaz, intransponível.
Uma criança de olhos azuis sobe a escada, olha, sorri, vai embora
Um pedaço do mundo, aqui, está calmo!
Brisa...
Barracas desmontadas como velhas peças de um jogo fútil
E todas as imagens voltam com a essência de outrora
ou estou vendo como via e tinha esquecido tal fato...

A névoa silenciosa do anoitecer mergulha lentamente
Transmutando a realidade em deliciosa câmara mortuária
Onde a vida escorre, vibra como uma dádiva enérgica...
Nuvens cinza
Missivas amorosas esquecidas no antigo banco da praça;
Pássaros que retornam ao ninho
Silêncio que se aprofunda...

A musa ri...
A urna hipócrita vibra em cânticos de ignominiosa fé
Fecham-se as portas
A chuva vem e com o ela o frio dardejante
Intempéries revitalizante
Novos ciclos de fascinante desordem

Não mais valorizar pilhérias
Atentar o ser para o sublime
Esquecer, ignorar o ínfimo, louvar a introspecção...
Um andrógino caminha claudicante...
E a vida vai rumando como uma construção e seus tapumes
Barulhos, segredos, estranhas visões
Vida em que sinto-me exterior, longínquo, morto...

16-09-1999

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