segunda-feira, 7 de abril de 2008

indisposição pra qualquer coisa
indisciplina pra tudo
haverá sangue nas veias?
outrora sim
agora, sinceramente, não sei
nem sangue
nem idéias
como é dificil suportar o marasmo que se tornou a vida
cansado, faminto;
não suporto este mis-é-scene que é o cotidiano
anafranil desce pelo esôfago
boca amarga, boca seca, boca solitária
é tão estranho e doloroso o sorriso das pessoas
penso que é tudo disfarce
o humano morre me mim
o animal despede-se
o fulgor da juventude já é um eco longíquo
agora a máquina repousa
depois mais peso a ser transportado
e de migalhas farto-me...
como se fosse fuga ordinária
sonho com a morte
é o mesmo que alcançar o nada extremo
não morrer porquê morrer é outra coisa que não sei
esqueço que vivo autômato, cego
a língua descansa sedenta, pesada, quase imóvel
meus pés parecem chumbo
minha voz algo insuportável
quisera morrer
quisera voar
quisera explodir...

Um comentário:

África disse...

Único...perfeito e improvável com as palavras!!! Amo o que você escreve!!!