quinta-feira, 30 de agosto de 2007

tomo um gole, sinto a brisa do ventilador... há dias não sai nada, um silêncio, um ranger de dentes, um zunido de liquidificador cobrindo tudo, um manto de nulidade que não poupa nada e nem ninguém... copo vazio, blues... reduzo minhas horas de sono... passo ao largo do depósito de corpos e lembro de meu avô... tennho um punhado de palavras, tenho uma página em branco e uma caneta que não escreve... o peso indefinivel do sono transforma meu caminhar estrépito em um rastejar que beira a imobilidade... na esquina diante do esgoto a céu aberto a dádiva é revelada... um mundo de tédio infindo cai, nova dimensão explode, olho de soslaio pro passado, mergulho na bruma e vou embora... cai o pano, a pantomima começa, cadeiras vazias... hoje juro que não esqueço meus óculos escuros, não há coisa pior que o sol, de um verão que nem chegou ainda mas já vem tostando ferozmente, lhe abalrroando em plena manhã... a vida irrompe de minhas veias e pula pra essa merda de universo... atrofia... no escuro, no escuro, no murmúrio, no escuro... contenho minha ira... calos são para sempre... os fantoches começam a melodia, sempre a mesma melodia, milimetricamente as mesmas notas todas noites, enquanto isso, as pessoas fumam, conversam, gesticulam, transitam, riem como se nada estivesse acontecendo... espero a meia-noite como se fosse um bálsamo para as dores que me afligem, é pouco mas é o que tenho, ínfimas horas de descanso, sono leve, sonambulismo e pesadelos recorrentes... vazio... drágeas... cansado... fumaça... entediado... doloroso!!!!
30 - 08- 2007

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