sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Alguns traços erguem-se, caminham...
A noite chega com tentáculos gélidos
Bailando na mesa de mármore.
Na penumbra vejo divas balançando cabelos de prata
E soltam gargalhadas de jade;
Estenderam suas mãos para mim
Para fora da penumbra
Mãos de pluma
Unhas de ametista
Nas mãos trazem belas adagas de marfim

Pela primeira vez na vida
Ergo-me
Sorrio
Entrego-me à morte

Alguns traços repousam
Dormem, sonham
A madrugada vem anunciando
O dia com bocejos
Com latidos
Cantos de pássaros ao longe

Apanho as adagas
Uma voz cândida enrola-me
Pedindo que não vá
Que há uma surpresa
As unhas de ametistas cravam-se em meus flancos
Despertando-me

Línguas de rubi
Línguas de ágata
Línguas de esmeralda
Línguas multicores esgueiram-se por minhas arestas

Agora os traços repousam em conflito

Dezembro 92

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